E aí galera, tudo bem? Depois de algum tempo e ouvindo muitas vezes que alguém “testou a raquete do amigo e adorou, resolveu comprar, mas quando foi jogar com ela não casou nada com o jogo”, decidi postar um pequeno guia de como fazer um playtest.
Claro que esse aqui não é um manual 100% à prova de falhas e nem vai ser a “solução de todos os seus problemas”. O que vou compartilhar com vocês é simplesmente minha experiência ao longo desses anos e de tudo que vi acontecer comigo e meus amigos, conhecidos, etc. Então vamos lá a algumas dicas básicas e importantes:
1) A primeira dica se refere ao motivo: porque estou querendo mudar de raquete? É necessário?
Não se deixe levar por um impulso levemente destrutivo, do tipo teve um dia ruim na quadra, perdeu para aquele cara que nunca tinha perdido na vida e não se sentiu à vontade na quadra. A raquete não parecia te responder como sempre, por exemplo. Isso é comum e NUNCA deve ser seu critério de decisão em mudar de equipamento.
Não conclua algo assim sem antes ter um bom “espaço amostral” de dias. Uma vez que tenha uma quantidade suficiente de eventos para afirmar que seu jogo não está rendendo a mesma coisa, então aí se pergunte o que está diferente, se você mudou sua rotina de sono, exercícios, sua alimentação ou se existe algum motivo extra quadra atrapalhando ou influenciando o seu rendimento. Enfim, faça uma investigação minuciosa antes de colocar a culpa na sua “melhor amiga em quadra”.
2) A segunda dica é para não se deixar levar pelo “modismo”;
Você não precisa ter “a versão mais recente da sua raquete”. Não é porque a marca X lançou a versão 3.0 do modelo da sua raquete que sua versão 2.0 precisa ser atualizada.
Em muitos casos, as alterações são pequenas nos modelos, mas há atualizações profundas, como por exemplo a Babolat fez na linha Pure Strike em 2017 (onde praticamente só o nome da linha continuou o mesmo) ou, não tão radical, mas bastante nítida, como a Head fez em sua linha Speed ao lançar o modelo Graphene 360 (em que a rigidez diminuiu e a espessura do aro passou de 22 mm para 23 mm e o balanço se tornou um pouco mais voltado para o cabo que o modelo anterior).
Essas atualizações podem realmente modificar um bocado como a raquete vai se entender (se é que vai se entender) com o seu jogo, portanto, fique atento, nem sempre as atualizações são tão pequenas quanto uma coloração “comemorativa” diferente (como no caso das versões “Wimbledon” e “Roland Garros” das raquetes da Babolat).
Aqui também entra a história de que você não precisa ter a “raquete que todos os profissionais estão usando”. Aliás, raquete é algo bem pessoal e não se deve levar em conta nenhum outro fator que não seja o seu jogo encaixar bem com ela. E não se deixe intimidar se te disserem que sua raquete está muito antiga, velha ou ultrapassada Só vá pensar em trocar de raquete se realmente for o que seu jogo e coração estão pedindo.

3) Esgote suas possibilidades
A última dica é para esgotar as possibilidades de mudança na raquete atual antes de partir pra outra. Às vezes, uma mudança no tipo de corda, na tensão das cordas ou no balanço da raquete podem ser o que estava faltando.
Procure explorar um pouco isso antes de mudar de equipamento. Vale lembrar que os fabricantes fazem modelos “genéricos” para agradar o maior número de pessoas e cabe a nós tornamos o equipamento de forma que se aproxime mais com a nossa cara.
4) Decidi comprar uma nova raquete! O que devo fazer?
Bom, se você passou até aqui, então é porque está realmente decidido a mudar de “parceira de quadra”. Então seguem algumas dicas para te ajudar nesse processo:
- Primeiro, se pergunte o que está faltando na sua raquete antiga:
Pode ser controle, potência, conforto, manuseabilidade, feel, etc. Uma vez determinado o que se busca na nova raquete, procure um local especializado com as características dos modelos no mercado. “Estude” um pouco a “teoria” das raquetes para diminuir seu grupo de busca e afunilar sua procura.
Uma vez definida a futura candidata (ou as candidatas), tente conseguir uma raquete para teste. Hoje há poucas lojas que disponibilizam raquetes para teste (a Casa do Tenista é uma delas).
Com a candidata em mãos, vem a primeira dica: encordoe com a mesma corda, a mesma tensão e use os mesmos acessórios (overgrip, cushion, chumbo, fita de proteção de cabeça, etc) que você usava na sua raquete anterior, na mesma quantidade e posição. Só assim você poderá ter a resposta “mais fiel” ao que existe de diferente na nova raquete em relação à anterior.
Muita gente que testa raquetes usa com uma outra corda, uma tensão diferente e até com acessórios diferentes. Isso induz a uma impressão que pode não ser a “real” de como a raquete se comporta com o seu jogo.
- Segunda dica: tente ficar com a candidata pelo menos por umas 4 ou 5 oportunidades;
Dessa forma você terá retratos de seu desempenho com ela em dias diferentes. Com um teste só é muito difícil avaliar, porque pode ser que você esteja diferente nesse dia e isso influencia diretamente o resultado. Então tente fazer alguns testes e, de preferência com parceiros de características diferentes, para que a amostra de dados que você vá coletar sobre a raquete seja o máximo possível. Aproveite para realmente testar em várias situações, com jogadores mais agressivos, mais “empurradores de bola”, etc.
- Terceira dica: não se deixe levar pela primeira impressão, quer seja positiva ou negativa.
Dê um segundo, um terceiro “giro” com a candidata, depois de alguns giros, repita em especial as situações em que teve pior desempenho, para comprovar se é isso mesmo ou foi só uma impressão momentânea.
Conclusão:
Claro que talvez você não consiga seguir tudo isso e falte alguma dica por seguir. O que descrevemos aqui não é uma regra obrigatória e sim um guia para te ajudar a se dar melhor ao pensar em trocar de equipamento. Ainda assim, se você seguir tudo descrito aqui, pode ser que algo dê diferente.
Lembre-se que cada raquete “casa” melhor com um tipo de corda de acordo com as características do jogador (como descrevemos no post sobre cordas), nem sempre a combinação raquete mais corda ideal para você é a mesma que para um amigo seu, ainda que usando a mesma raquete! Por isso nosso esporte é tão incrível, não?
Boa sorte e até o próximo post, pessoal!